A avaliação acima foi feita por Ana Lúcia Fontes, fundadora da Rede e do Instituto Mulher Empreendedora, sediados em São Paulo, ao palestrar nesta quinta-feira, 20, para o Momento do Empreendedor, evento on-line realizado pela ACIST-SL. Segundo ela, o estilo de liderança feminino é um dos mais valorizados no mundo hoje. “São características que homens também possuem, que é uma liderança mais humana, mais participativa, inclusiva, colaborativa, com visão sistêmica. Os maiores especialistas em gestão dizem que estas características são importantes para líderes do futuro e que são natas nas mulheres”, ressalta. Segundo ela, companhias que possuem um equilíbrio no seu quadro entre homens e mulheres são mais inovadoras e mais lucrativas. “Empresas inovadores trabalham a inclusão e a diversidade na sua base. Não basta colocar sofás coloridos e mesa de pebolim. É trazer pessoas de todas as origens, pois a diversidade traz inovação e inovação gera lucro”.
Pluralidade – É preciso também ter atenção ao que ela chama de pluralidade feminina. “O universo feminino é amplo. Não são apenas mulheres brancas de classe média ou alta. São mulheres negras, transexuais, com mais de 50 anos, indígenas, refugiadas, dentre outras, que precisam de oportunidades para empreender ou ter espaço no mercado de trabalho”, explica. Na Rede coordenada por Ana, há programas de inclusão financeira e de geração de renda voltados para estes públicos.
Sub-representatividade – Porém, ainda há um longo caminho para as oportunidades chegarem para um grande número de mulheres. Segundo Ana, para falar sobre liderança feminina, é preciso avaliar alguns dados. As mulheres são 51% da população do planeta e são mães da outra metade. Os ambientes de poder são ocupados apenas 10% de mulheres e nas 500 grandes corporações, apenas 70 mulheres ocupam os cargos mais altos. “Somos maioria com direitos minorizados. Somos sub-representadas no meio político, ocupando apenas 10% dos cargos no Congresso e no Senado. O problema das lideranças femininas não é a competência e sim as oportunidades, que não são iguais”, aponta. Conforme Ana, ainda cabe à mulher a maior parte da responsabilidade em cuidar da casa e da família. “Ela precisa conciliar a carreira com a vida familiar e acaba perdendo oportunidades”.
Violência – Outro fator que limita a atuação das mulheres brasileiras é a violência. “É um problema grave, ainda considerado um tabu. Precisamos reverter este quadro tão grave e oferecer independência financeira a elas é um dos caminhos, junto à demais políticos públicas”.
Ela calcula que, no mundo, 80% das mulheres trabalham de forma não remunerada. “Em muitos locais, ainda cabe à mulher o trabalho doméstico, de cuidar dos filhos, dos pais, dos idosos ou de familiares doentes. Além da carga emocional muito forte, elas ficam muito cansadas. Não têm como equilibrar todas as tarefas, que não são remuneradas e ainda buscar oportunidades para seguir uma carreira”.
Pandemia – Na opinião de Ana Fontes, a pandemia causada pelo novo coronavírus atingiu as mulheres de muitas formas. Nas primeiras semanas, os negócios dirigidos por mulheres foram impactados, por atuarem em áreas de serviços, estética e beleza, conforto e alimentação fora de casa. Em seguida, o mercado de trabalho passou a demitir mais as mulheres.
Houve muito impacto também com as mulheres dentro de casa. Com os filhos sem escola e com negócios para tocar, muitas passaram a ter excesso de trabalho. “Passamos a recomendar fortemente que tivessem cuidado com a saúde emocional. “Acompanhar as crises da saúde, da economia, da política e dos seus negócios, gerou um nível de ansiedade muito grande que levaram muitas a terem problemas de saúde. “Nosso conselho é que temos que passar vivas por esta pandemia. Não é preciso assistir centenas de eventos on-line. Vamos respirar, nos acalmar e sair vivas desta história”.
Sobre a Rede Mulher Empreendedora – Fundada em 2010, a Rede Mulher Empreendedora atinge cerca de 750 mil mulheres em todos Brasil e deve chegar a um milhão até o final do ano. Em torno de 700 embaixadoras e 30 funcionários desenvolvem projetos e programas para auxiliar mulheres na geração de renda e independência financeira.
A RME é um negócio social, com um braço com fins lucrativos e um Instituto que trabalha com mulheres em situação de vulnerabilidade social.
Esta edição do Momento do Empreendedor fez parte da agenda anual do Núcleo das Mulheres Empreendedoras, que tem o tema liderança feminina como norte do seu planejamento estratégico. Contou com a participação de Aidê Stürmer, vice-presidente de Serviços e presidente do Conselho de Núcleos da ACIST-SL, Enedina Erdmann, coordenadora do Núcleo das Mulheres Empreendedoras e Têisi Colares, presidente do Conselho da Mulher Empreendedora da Federasul.
O patrocínio foi das empresas associadas as empresas associadas Br Suply, Certivale, Intercity, SKA, Vila Rica Imóveis, Frontec, Unimed e Sicredi.
A apresentação completa do evento pode ser acessada na página da ACIST-SL no facebook:
Ou no seu canal do You Tube: