Vem de São Leopoldo, cidade do Rio Grande do Sul, a tecnologia das estações de bombeamento flutuantes que irá garantir a irrigação das lavouras do Vale do Rio São Francisco que estão sendo severamente prejudicadas pela seca que assola a Barragem de Sobradinho, responsável pelo abastecimento de cidades da Bahia e de Pernambuco e que já está com volume zero.
A empresa gaúcha HIGRA está trabalhando em regime de urgência para entregar e instalar, ainda em dezembro, um sistema de 16 moto bombas e de oito flutuantes no Distrito de Irrigação Nilo Coelho (DINC), que compreende 23 mil hectares de área irrigável que se entendem desde o município de Casa Nova (norte da Bahia) até Petrolina (sudoeste de Pernambuco), sendo que 20% da área está no estado baiano e 80% em Pernambuco. Serão beneficiados mais de 2,3 mil agricultores que dependem da água do DINC, considerado o maior sistema de irrigação da América Latina.
“É uma obra recorde que evitará o pesadelo de milhares de famílias que dependem da agricultura irrigada”, define Silvino Geremia, diretor da HIGRA. Iniciada em novembro passado, a obra deverá estar concluída no início de janeiro. A HIGRA, para evitar ainda mais danos aos agricultores, montou uma força-tarefa para adiantar em um mês a entrega do sistema de bombeamento.
Greco Tusset de Moura, engenheiro da HIGRA , explica que a obra no DINC, cuja coordenação é feita pela CODEVASF – Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e da Parnaíba – envolve não somente o sistema de captação de água pelas moto bombas abrigadas nas estruturas flutuantes projetado pela HIGRA, mas também a instalação de tubos e conexões que funcionarão em conjunto com as bombas. O investimento, cujos recursos são provenientes de órgãos federais, estaduais e municipais, é de R$ 13,4 milhões e se soma a outros R$ 12,7 milhões que estão sendo aplicados na construção de um canal de solo compactado no interior do lago de Sobradinho, necessário na composição das estruturas emergenciais de captação de água.
O projeto, então, está sendo executado por três empresas em etapas distintas. A HIGRA entrega e instalas as bombas e os flutuantes, e outra empresa faz as tubulações e outra cuida da terraplanagem para a construção do canal.
A HIGRA também é responsável pelo projeto elétrico da obra, tanto dos geradores como os quadros elétricos e demais acessórios.
Para cumprir os prazos e gerar economia, a HIGRA instalou uma base operacional em Petrolina, onde está produzindo, com mão de obra local, os flutuantes que irá abrir as bombas que virão do Rio Grande do Sul. “Desta forma, também geramos emprego e renda para a região”, destaca.
DESENVOLVIMENTO – A HIGRA investiu três anos de pesquisa para oferecer a tecnologia que hoje está sendo montada no Distrito de Irrigação Nilo Coelho. Naquela época, a gerência do Distrito já estava preocupada com um possível racionamento e que seria necessário um plano de contingência emergencial. “Nós apostamos em uma solução que poderia não ser implantada, mas a HIGRA acredita na inovação, seja de processos seja de gestão”, assinala Silvino Geremia, diretor da empresa.
Para participar da licitação feita pela CODEVASF, as empresas tiveram que apresentar cases já consolidados. A HIGRA apresentou um portfolio de cidades que já utilizam o sistema, a exemplo de Caxias, no Maranhão, cuja estação flutuante fornece 90% da água tratada, atingindo 200 mil habitantes. “Nossa responsabilidade lá é muito grande, porque se o flutuador parar, toda a cidade fica sem abastecimento. E em três anos de funcionamento, nunca precisou de manutenção”, comemora Geremia.
DNIC – O Distrito de Irrigação Nilo Coelho é considerado o maior projeto de irrigação da América Latina. Irriga 23 mil hectares, beneficiando cerca de dois mil lotes de pequenos usuários e 356 pequenas, médias e grandes empresas. O sistema de irrigação permite que sejam cultivadas, em pleno agreste, culturas como uva, manga, goiaba, acerola, melancia, entre outros. A fonte hídrica vem das águas do reservatório da barragem de Sobradinho (BA). Seu funcionamento teve início no ano de 1984.