O Brasil sedia o maior parque fabril de empresas fora da Alemanha. Cerca de mil empresas geram em torno de 250 mil empresas e representam 10% do PIB industrial
A proximidade do bicentenário da Imigração Alemã no Brasil (em julho de 2024) pode gerar uma janela de oportunidades para ampliar o relacionamento comercial e cultural entre o Rio Grande do Sul e a Alemanha, com foco especial para São Leopoldo. A avaliação é do presidente da Câmara Brasil-Alemanha no Rio Grande do Sul (AHK/RS), Cleomar Prunzel. Ele palestrou nesta quinta-feira, 27 de julho, no Momento do Empreendedor da ACIST São Leopoldo, evento que integrou a programação da Entidade em homenagem aos 199 anos da Imigração Alemã. Ele lembrou que São Leopoldo tem cinco empresas vinculadas a Câmara que geram entre sete a oito mil empregos diretos, sendo que três delas contribuem com 30% do PIB local. “O capital humano e financeiro é imenso e precisa ser aproveitado”.
Oportunidades – Ao citar as oportunidades entre o Estado e a Alemanha, Prunzel salientou as áreas da educação; o olhar estratégico do governo do RS; a armazenagem de grãos; infraestrutura; saneamento; alternativa à China; e o agronegócio. Segundo os dados apresentados por Prunzel, devido ao contínuo investimento no setor energético, o Rio Grande do Sul pode tornar-se um parceiro estratégico para a indústria alemã desenvolver os segmentos de hidrogênio verde, eólica offshore e biogás. Acordos bilaterais sobre meio ambiente, planejamento urbano e desenvolvimento sustentável também podem ocorrer entre Estado e Alemanha.
No Brasil está localizado o maior parque fabril de empresas alemãs fora da Alemanha, representando 10% do PIB e gerando 250 mil empregos. A Alemanha é um dos principais países que investe no Brasil. Temos investimentos diretos que alcançam 18 bilhões de Euros, o que representa praticamente R$ 100 bilhões. Estes investimentos estão focados para áreas como inovação, alta tecnologia, infraestrutura, energias renováveis, agricultura, transporte e logística.
Nas relações de comércio exterior, o dirigente mostra preocupação. Em 2022, os gaúchos obtiveram um faturamento de US$ 22,56 bilhões no total das vendas ao exterior. Porém, para a Alemanha, os embarques somaram apenas US$ 299 milhões, devido ao envio de itens como tabacos; reatores nucleares; maquinários; ferro; resíduos das indústrias alimentares e matérias fibrosas celulósicas.
Por outro lado, em 2022 o Rio Grande do Sul trouxe do exterior produtos na ordem de US$ 15,98 bilhões, sendo que da Alemanha, este valor ficou em US$ 673 milhões. “É preciso melhorar a corrente bilateral de comércio”, destaca. Neste caso, a Reforma Tributária poderá tornar o cenário de investimentos mais propício, tendo em vista a simplificação dos impostos brasileiros. Gera um ambiente mais competitivo e previsível, o que atrai investimentos internacionais. “Vemos a reforma com otimismo controlado. A simplificação e a digitalização do sistema de cobrança e pagamento de impostos aumentam a produtividade e o crescimento econômico”.
Desafios – Dentre os principais desafios para o maior desenvolvimento entre Brasil e Alemanha, Cleomar Prunzel destacou como desafios as adversidades climáticas; o lento ritmo de crescimento do PIB; queda no crescimento da economia mundial; alta burocracia; manutenção do estreitamento das relações com a Alemanha; os investimentos no setor logístico. A assinatura do acordo entre Mercosul e União Europeia – que tramita desde 2019 – é uma forte expectativa. A conexão entre os líderes das economias latino americana e europeia, trará grandes oportunidades, principalmente para o agronegócio. Estima-se um aumento nas exportações brasileiras de US$ 9,9 bilhões ou 23,6% e uma previsão de cerca de 780 mil novos empregos no Brasil decorrentes do aumento da exportação. A Alemanha necessita do potencial brasileiro de produzir energias renováveis e aposta numa relação mais estreita para os próximos anos.“Cooperação é a palavra que melhor resume o relacionamento econômico de quase 200 anos entre os dois países”, sintetiza.
O presidente da ACIST-SL São Leopoldo, Felipe Feldmann, ressaltou a importância de conhecer estes dados e perceber o quanto são relevantes para a economia de São Leopoldo. Várias indústrias locais fornecem produtos para o setor de máquinas agrícolas, por exemplo, que será beneficiado com o aumento do agronegócio.
Bicentenário – Um dos temas destacados no evento foi a celebração do Bicentenário da Imigração Alemã, que culminará em 25 de julho de 2024. Conforme Prunzel, a Câmara Brasil-Alemanha está apoiando uma série de projetos, como a produção de um filme e obras impressas sobre a História dos Imigrantes.
Felipe Feldmann também solicitou o apoio do Poder Público Municipal para a inclusão do tema nas escolas, tanto do município quanto do Estado. “Que ao longo deste um ano possamos mostrar como os imigrantes chegaram e o legado que deixaram. Muitos municípios já estão fazendo esta ação e São Leopoldo está perdendo esta relevância. Que possamos realizar, em 2024, um evento muito bonito, destacando a importância da imigração dos povos alemães que vieram para cá”, apontou.
Presenças – O Momento do Empreendedor contou com a presença de autoridades como Astrid Schünemann, assessora do Departamento de Promoção Comercial e Relações Exteriores da Secretaria Estadual de Desenvolvimento Econômico; Dieter Sukop e Aline Martins, respectivamente diretor executivo e gerente de Relações Internacionais da AHK-RS; Rafael Gessinger, presidente da Comissão Oficial do Bicentenário da Imigração Alemã do Estado do RS; Juliano Maciel e Mário Rositto, secretário e secretário-adjunto da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico, Turístico e Tecnológico de São Leopoldo; Luiz Paulo Grings, presidente da Associação Comercial, Industrial e de Serviços de Sapiranga, Araricá e Nova Hartz; Rosângela Maria Herzer dos Santos, ex-presidente da ACIST, Conselheira Federal da OAB e procuradora Nacional de Defesa de Prerrogativas da OAB; Sílvio Bittencourt da Silva, diretor da Unidade de Inovação e Tecnologia da Unisinos; Ingrid Marxen, diretora de Relações Institucionais do Museu Histórico Visconde de São Leopoldo, Madeleine Hilbk, conselheira da Federasul e integrante do Comitê de Economia da Comissão Oficial do Bicentenário da Imigração Alemã do Estado do RS e Fabiana Latorre, analista de atendimento do Sebrae RS.
Patrocínio – O Momento do Empreendedor contou com o patrocínio da Sicredi Pioneira, Stihl, SKA, Unimed, Colégio Sinodal, Frontec e Datwyler. O apoio foi do Sebrae Regional.
Fonte: Imprensa ACIST-SL | SENHA Comunicação Integrada | Fotos: Diego da Rosa Fotografias