A frase acima foi uma das tantas declarações emocionantes e de muito impacto que a antropóloga e pesquisadora Mirian Goldenberg citou nesta quinta-feira, 19, durante o Momento do Empreendedor transmitido pelas plataformas digitais da ACIST-SL e organizado pelo Núcleo de Mulheres Empreendedoras da entidade. Ela trouxe conhecimentos adquiridos ao longo de 30 anos de pesquisa junto a milhares de pessoas sobre envelhecimento com qualidade de vida, seu propósito de vida e suas relações com o empreendedorismo. Ao longo da apresentação, solicitou que fossem anotadas três perguntas e três dicas.
Perguntas – Sua atuação como professora e também junto a um grupo que intitulou de Super Idosos – pessoas com mais de 90 anos e que são ativas e felizes – Mirian desenvolveu três questionamentos que leva também para si mesma, para a definição de propósito e de felicidade.
Primeira pergunta:
Para saber qual é o propósito, segundo ela, é preciso perguntar: Por que e para quem eu desejo fazer tal atividade? “Os super idosos me respondem que têm paixão, amor, pelo que estão fazendo. Portanto, eu sugiro que sejam escolhidas uma ou no máximo três coisas que a pessoa adora fazer, que alimente a sua alma e a dos outros, avaliando o que há de melhor em si para oferecer, dentro dos seus limites e do seu potencial. Quanto investimos naquilo em que somos melhores, isto nos faz únicos e especiais”, explica. E então é respondido o como. “Muitos super idosos falam que não precisam mais trabalhar, mas ainda amam manter-se naquela atividade”, ressalta.
Segunda pergunta:
Ao abordar a diferença entre trabalho e propósito, Mirian afirma que, mesmo se recebesse muitos milhões de dólares, continuaria escrevendo seus livros, estudando e pesquisando. “Isto é propósito. Então a segunda pergunta é: O que nos faz verdadeiramente felizes?”. Segundo ela, muito respondem que é dinheiro, viagens, aquisição de um bem. Mas ampliando a pergunta: Em que momento do dia, a pessoa é mais feliz? As respostas mostram que poucas envolvem recursos financeiros: “Chegar em casa e abraçar os filhos, assistir a um filme ou encontro com amigos para dar risadas e conversar integram a maior parte das respostas”.
Terceira pergunta:
Ao perguntar para os Super Idosos “O que realmente precisam para ser felizes?”, a resposta é direta: ter tempo, pois passa a ser o bem mais precioso. “Todos falam que se focam no que realmente conquistaram e não no que que faltou”, aponta. Ser dono do seu tempo é o grande ganho do envelhecimento. Homens e mulheres passam a fazer o que não faziam antes. “Para os homens há a busca pelo afeto e as mulheres buscam liberdade”, sintetiza.
Venenos:
A partir da conclusão de todas as respostas, Mirian aponta que há três grandes venenos que podem ser evitados em todas as áreas e etapas da vida, independentemente da idade.
A primeira é a comparação. “Por mais que sejamos bem sucedidos, sempre haverá alguém melhor. A comparação foca no que nos falta e no que faz sofrer. O antídoto? É sermos cada vez mais nós mesmos, verdadeiros e identificados com o que é mais nosso”.
O segundo veneno é a culpa, o autoflagelo pelos erros do passado. “Muitas histórias de sucesso também são marcadas por equívocos e temos que nos perguntar: tínhamos maturidade para avaliar, naquele momento, o que seria melhor a fazer?”.
O último veneno tem impacto especial para as mulheres: a autocobrança, a auto rigidez consigo mesmas. “As brasileiras são as maiores consumidoras de remédios ansiolíticos do mundo, porque se cobram demais. É impossível ser feliz com tanta autocobrança, sem falar nas cobranças externa, que são muitas”.
Reflexões:
Para concluir, Mirian reforça que envelhecer é libertador. Nesta fase, é possível ter coragem de ser quem somos, fazemos novas escolhas. “Infelizmente, no Brasil, temos pânico de envelhecer. Mas precisamos pensar que esta é a fase mais longa da nossa vida e que podemos ser muito felizes com ela. Podemos fazer uma faxina existencial para tirar tudo o que não nos deixa felizes. Podemos focar o tempo em quem alimenta nossa alma de alegria e de saúde”.
Evento – O Momento do Empreendedor realizado nesta quinta-feira, 19, foi organizado pelo Núcleo de Mulheres Empreendedoras da ACIST-SL. Sua execução foi realizada pelo grupo de trabalho coordenado pela nucleada Rita Pavoni e integrado por Patrícia Rosa, Maria Inês Fuhr e Simone Engbrecht.
A palestra de Mirian foi viabilizada pelo patrocínio das empresas Sicredi Pioneira, Stihl, SKA, Sinodal e Vila Rica, Dimosaico, Étika Condominial, Datwyler e La Core Calçados, com apoio do Sebrae.
Rita Pavoni agradeceu o empenho de todos os envolvidos pelo evento, cujo conteúdo impactou fortemente. “Não temos palavras para agradecer sua generosidade em ter aceito nosso convite”.
Aidê Stürmer, vice-presidente de Serviços da ACIST-SL, deu as boas-vindas em nome da Associação e destacou o quanto o tema é relevante, enfatizando a atuação do Núcleo de Empreendedoras para trazer eventos inovadores e de impacto como a palestra de Mirian Golbenberg.
Convidada especial do evento por sua longa e frutífera trajetória empreendedora, Madeleine Hilbk, diretora da associada Vila Rica, apontou o quanto é importante a reflexão sobre a maturidade. “Agradeço a oportunidade de estar junto ao Núcleo neste evento de cinco anos. A mensagem muito profunda. Se formos avaliar, todos já somos um pouco velhos. Nas nossas trajetórias, sejam como mulheres empresárias ou de família, temos várias vidas e a cada momento, temos um novo propósito”, comenta, destacando que mesmo com quase 80 anos, tem muita alegria no que faz, acordando de manhã motivada com os desafios. “Temos poder de reação, de nos reinventar todos os dias”, concluiu.
Redação: Elizabeth Renz – jornalista e coordenadora de Conteúdo | Reg.prof 8228/95